quinta-feira, 9 de julho de 2020

Meritocracia militar


Todos os anos, uma turma de 333 (número aleatório para não especificar qual) novos oficiais, segundos-tenentes, e novos sargentos, terceiros-sargentos, são nomeados nas forças armadas. Todos serão promovidos hierarquicamente até o último posto (coronel/capitão-de-mar-e guerra) e última graduação (subtenente/suboficial), exceto aqueles que se destacarem negativamente por contravenções graves, ostensiva displicência ou descumprimento de requisitos mínimos.
Os melhores são promovidos junto com os medianos e os “moita” desde que cumpram os requisitos mínimos.
A meritocracia é reconhecida por uma medalha, por uma comissão diferenciada ou quando o oficial do último posto entra na lista de escolha. É relevante lembrar que aos sargentos há apenas as duas primeiras opções de reconhecimento de seus méritos.
Considerando que todos completam o tempo de serviço mínimo para requerer a transferência para a reserva remunerada na mesma época da promoção ao último posto, todos 333 iniciais poderão atingir o ÁPICE de suas carreiras ao mesmo tempo.
A lista de escolha?
Os oficiais-generais dentro de cada força analisam a biografia dos coronéis/capitães-de-mar-e-guerra que cumpriram os requisitos mínimos para a promoção ao generalato e, assim, vai se montado a lista de escolha para preencher as vagas que serão abertas entre os oficiais-generais.
Eu brincava que a carreira militar é a experiência bem sucedida de uma sociedade comunista. Sem desigualdades ou concorrência predatória de uma sociedade capitalista.
(parte 2)
Ao mesmo tempo que brincava que a carreira militar é uma experiência comunista, questionava-me seriamente no como se daria uma concorrência de livre-mercado de promoções por merecimento.
Nesta questão, imagina-se um cenário comparativo, onde se delimitaria o produto entregue por cada militar e os clientes que seriam disputados para avançar nesse mercado.
Como qualquer produto, o militar identificará se seu produto atende aos requisitos e funcionalidades definidas pelo mercado, de forma a garantir seu produto na disputa com os da concorrência.
Um militar poderá incluir um diferencial a seu produto para superar a concorrência, ciente de que os clientes poderão gostar desse novo requisito ou funcionalidade, exigindo que toda a concorrência atualizem seus produtos ao novo padrão ou os clientes poderão desprezar esse diferencial ou os clientes poderão, inclusive, entender que esse produto está concorrendo no mercado errado 🙉.
Esses requisitos e funcionalidades serão os parâmetros para avaliações objetivas à promoção, compostos por indicadores indiscutíveis. Diria que são os requisitos mínimos para promoção por antiguidade.
No livre-mercado, cada cliente utiliza um critério subjetivo de escolha que foge ao controle de qualquer fornecedor. São os motivos que explicam a preferência pelo Nescau ®, face aos demais achocolatados. Por isso, antes de lançar seu produto, o fabricante estuda as tendências do mercado com concorrência já estabelecida, buscando identificar as preferências dos clientes a serem conquistados.
Na carreira militar, os clientes são os superiores hierárquicos que farão uso de sua subjetividade para eleger os produtos de sua preferência. Desta forma, um mercado de promoção por merecimento justo só é possível pela avaliação de um produto por todos os clientes (diluindo-se as preferências individuais) ou submissão de todos produtos a um único cliente.
Por fim, gostaria de ressaltar que transferir critérios subjetivos (comportamento, conceito) para um mapa comparativo não os tornam critérios objetivos.

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